16/04/18

A despedida de Chitwan

Um mês que separa a data de hoje com a data da chegada ao Nepal. Ainda tenho muito para partilhar, mas agora com este distanciamento temporal consigo sentir melhor as alterações sofridas numa viagem com esta intensidade. Estou mais sensível a algumas coisas e muito menos a outras. Mas sinto sobretudo, que devo ouvir melhor o meu coração, a minha alma, o meu ser. Os dias em Chitwan foram muito esclarecedores nesse aspeto e trouxeram-me outra sensibilidade. No último dia, como de costume, era cedo e nós já estávamos  ao pé do rio  a fazer a nossa própria meditação ao som de um Mantra que o Luís pós a tocar enquanto o Sol nascia à nossa frente. Uns descalços para sentir melhor a terra, outros comoviam-se profundamente enquanto agradeciam  aquela dádiva da vida, outros balançavam o corpo lentamente, como se estivessem hipnotizados pela magia dos sons da natureza e pela luz do sol que aparecia lentamente. Mas aqui tudo foi permitido e houve quem opta-se simplesmente por olhar ou tirar fotografias, mas também aqui há uma enorme magia a acontecer. A magia do respeito, da não critica, do cada qual ser ele próprio sem julgamentos e essa magia é das mais encantadoras e bonitas que um grupo pode ter.
Todos estávamos embebidos no mesmo espirito de paz e sentiu-se a cada forte e poderoso abraço que estávamos constantemente a distribuir generosamente.  Ah....Como sabe bem um abraço verdadeiramente sentido e como é difícil explicar-vos o poder que ele nos dá...



Por esta altura eu já estava completamente solta, leve, grata, feliz. Transbordava nem sei bem o quê.
A minha pele arrepiava-se com facilidade e foi assim que ficou assim que entramos nas canoas para descer o rio, não consegui conter o choro. Eu estava numa profunda viagem dentro do meu ser e tinha (e tenho) ainda muito para percorrer. Nesse momento, decidi respirar fundo, olhar à minha volta e captar o máximo de energia para guardar no meu coração. Enquanto as canoas se moviam lentamente em cima da água, eu tive consciência que afinal, o mais provável é que eu nunca mais voltasse aquele lugar que me fez tão bem, onde senti que pertencia um bocadinho e esse sentimento não deixa de ter uma certa melancolia.
 O Nepal é conhecido pelas montanhas dos Himalaias  e eu própria não fazia ideia que neste país houvesse esta planície que faz fronteira com a India, coberta de selva densa e de vida selvagem onde está inserido este parque Património da Humanidade que é um verdadeiro caso de sucesso no que diz respeito à conservação das espécies locais e turismo ecológico, englobando a comunidade local. Foi uma agradável surpresa descobrir que ao longo dos anos, várias espécies foram salvas das caças furtivas graças a este local e foi muito engraçado ver como funciona o centro de reabilitação de crocodilos, antes de os libertarem no rio. Curioso é que passei ao lado deles no rio da forma mais natural e tranquila desta vida.
Durante a tarde, ainda fizemos um safari, o objectivo era ver uma data de espécies inclusive o Tigre de Bengala, coisa rara e que não aconteceu. Mas vimos uns quantos rinocerontes, bâmbis e nós, que íamos no jipe da frente ainda tivemos a sorte de ver dois ursos preguiça assim de fugida. Houve quem visse galos selvagens mas isso é uma longa história.  De espécies, pouco mais conseguimos ver, mas impressionei-me com os formigueiros girantes das térmitas e demos um belo passeio no meio da natureza que sabe sempre maravilhosamente bem.
Nesta noite dormi mal, pensei eu que fosse por ter visto uma osga do teto do quarto antes de adormecer, mas pode muito bem ter sido o meu subconsciente desgosto por ser a última vez.
















2 comentários:

  1. Obrigada por todas estas partilhas Ana, gostei tanto de ler e ver estas fotografias incríveis! :)

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    1. Obrigada Liliana, a melhor parte de ter um blogue é ter oportunidade de fazer amizades como a nossa! Fico feliz por gostares do post. Beijinho

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