Fomos até ao Montejunto ver a Real Fábrica Gelo ou da Neve e foi muito giro.
Única no país, é um dos raros exemplares de seu género existentes na Europa. A historia da fábrica foi de tal modo encantadora que até os miúdos se mostraram muito atentos e interessados. Portanto, um programa bastante divertido para estas férias.
O hábito de saborear gelados e matar a sede com bebidas frescas no meses quentes de verão terá sido introduzido em Portugal em finais do século XVI, à época da Dinastia Filipina e tudo foi pensado ao pormenor para que não faltasse neve na mesa Real.
A Fábrica é composta por duas áreas diferentes, na área de produção existem dois poços e 44 tanques rasos para a congelação da água. Água, que durante a noite congelava, devido às condições climatéricas daquela serra. A outra área era destinada ao armazenamento e conservação do gelo. Conta-se que quando chegava o mês de Setembro enchiam-se os tanques rasos de água e esperava-se que o frio da noite a congelasse. Quando o gelo se formava, o guarda da fábrica ia a cavalo até à aldeia de Pragança e acordava os habitantes da aldeia com uma corneta, informando assim que o gelo estava pronto a ser retirado. Num trabalho árduo e duro, as placas de gelo eram partidas, os fragmentos amontoados e depois carregados para os silos de armazenamento onde o gelo era conservado até à chegada do Verão. Na época do calor, decorria a complicada tarefa do transporte até à capital do reino. Primeiro o gelo era cortado em barras, enrolado em palha e transportado no dorso de animais até ao sopé da serra, seguia depois em carroças até aos barcos da Neves que estavam ancorados na Vala do Carregado, estes completavam o circuito do gelo até ao Terreiro do Paço em Lisboa. Impressionante todas estas técnica para conservação do gelo, claramente um luxo a que só alguns podiam ter acesso. Uma realidade muito diferente da nossa, que depois dos frigoríficos e congeladores o torna uma coisa completamente banal e mais que acessível.